Bilionário tem dito as mesmas coisas que já costumava repetir em 2008, mas investidores do mundo todo não se cansam de parar para escutá-lo.
Warren Buffett: "gosto de comprar em liquidações"
São Paulo – Presidente-executivo da lendária holding de investimentos Berkshire Hathaway e integrante assíduo do clube dos mais ricos do mundo, Warren Buffett costuma fazer declarações que ecoam até pelos cantos mais longínquos do planeta. Suas aparições recentes ganharam as páginas de jornais e blogs esta semana. Além de publicar um artigo no New York Times defendendo o aumento de impostos para os milionários americanos, o megainvestidor reforçou esta e outras ideias no programa de entrevistas do apresentador norte-americano Charlie Rose.
Para quem analisa friamente, o discurso é praticamente o mesmo que o proferido pelo bilionário no mesmo programa há três anos. Se Buffett é tão prolixo, por que tanto gente o escuta? O sucesso acumulado por Buffett nos investimentos realizados ao longo da vida é parte da resposta. Mas também chama a atenção a calma que ele consegue inspirar mesmo nos momentos em que todo mundo no mercado parece ter entrado em pânico. Entre recomendações de compra na baixa e frases que emanam patriotismo, veja como o discurso do Oráculo de Omaha sobre a crise que abalou o mercado nos últimos dias se assemelha ao proferido por ele no mesmo programa de TV depois da quebra do Lehman Brothers, em 2008.
Na cola dos super ricos
Na visão de Buffett, o Congresso deveria parar de afagar os multimilionários norte-americanos. "A renda de ninguém subiu mais rápido do que do 1% da população que está no topo da pirâmide. E não há nada de errado em pedir um pouco da ajuda de todos para diminuir a dívida pública", afirmou o octogenário. Buffett já havia expressado o descontentamento no jornal New York Times, sustentando que, do alto dos seus bilhões, ele lidara com uma carga tributária de 17% sobre os seus vencimentos em 2010, enquanto para os 20 funcionários do seu escritório a mordida fora muito maior, oscilando entre 33% e 41%.
A cruzada não vem de hoje. Em 2008, a mesma reivindicação marcou presença no bate-papo entre o megainvestidor e o apresentador Charlie Rose. "Estou pagando hoje a taxa de impostos mais baixa que eu já paguei na minha vida. Isso é uma loucura. O estímulo deve ir para pessoas de baixa e média renda, e não para quem está na lista da Forbes como eu", disse na época.
A crença inabalável nos Estados Unidos
Para Buffett, é inevitável que as recessões aconteçam de tempos em tempos. "Quando alguém vê o vizinho ficando mais rico, começa a evolução natural da bolha. Bastam três coisas para sua formação: os inovadores, os imitadores e os idiotas. Todo mundo caminha junto", afirmou na entrevista ao jornalista Charlie Rose de 2008. Mas ainda que a concessão irrestrita de crédito habitacional nos EUA tenha desencadeado a quebra do sistema financeiro mundial, Buffett nunca deixou de manter seu otimismo em relação à capacidade do país de se levantar.
"A confiança vai voltar", sentenciou há três anos. "Tivemos a Grande Depressão, duas guerras mundiais, passamos por choques do petróleo, mas alguma coisa no sistema americano desencadeou um incrível potencial de capacidade produtiva. Agora o atleta está no chão. Mas ele é um super atleta."
O horizonte continua turvo na terra do Tio Sam. Mas a crença do bilionário permanece a mesma. "A decisão do Federal Reserve (o Banco Central americano) de manter as taxas de juros perto de zero é uma meta muito dura. O anúncio mostra que eles acreditam que a economia não vai andar tão bem até essa data. Mas eu acho que há chances de eles estarem errados e os Estados Unidos se recuperarem antes disso", afirmou no programa de entrevistas desta semana. "O sistema americano funciona e funciona maravilhosamente bem", afirmou.Continue Aqui: Exame.com
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