A Petrobras (SA:PETR4), que
reduziu em junho em 40 por cento seu plano de investimento de cinco anos,
provavelmente vai precisar cortar ainda mais o Plano de Negócios e Gestão, uma
vez que o crescente custo da dívida, a queda dos preços do petróleo e o real
fraco já tornaram o plano obsoleto, disseram duas fontes da empresa à Reuters
nesta quinta-feira.
Investidor Petrobras |
A decisão da agência de
classificação de risco Standard & Poors de rebaixar o rating de crédito
soberano do Brasil para grau especulativo, na quarta-feira, foi seguida nesta
quinta-feira por um rebaixamento pela S&P de dois degraus do rating em
moeda estrangeira da Petrobras, para “BB ante “BBB-”, colocando a estatal
dentro da faixa considerada “junk”“.
As fontes disseram que o
rebaixamento vai elevar o custo de refinanciamento da dívida da Petrobras de
mais de 130 bilhões de dólares, a maior de qualquer empresa de petróleo no
mundo, e reduzir o capital disponível para a perfuração de poços, construção de
plataformas e refinarias e para pagar a infraestrutura necessária para aumentar
a produção de petróleo e sua receita.
Em nota enviada ao mercado
nesta quinta-feira para comentar o rebaixamento, a Petrobras ressaltou que a
"financiabilidade" dos projetos de médio prazo já foi alcançada por
meio de empréstimos captados este ano com bancos no Brasil e no exterior. A
empresa também ressaltou que a ação da S&P "não provocará alterações"
nos contratos de financiamento vigentes, já que eles não possuem cláusulas
atreladas ao rating.
Aclamado como um retorno à
realidade após anos de metas de produção não cumpridas, gastos recordes e um
gigante escândalo de corrupção que levou a uma baixa contábil de 17 bilhões de
dólares, o plano plurianual 2015-2019 anunciado em junho reduziu a meta de
investimento para 130 bilhões de dólares, ante 221 bilhões de dólares para o
período 2014-2018.
Ambas as fontes pediram
anonimato porque os planos da empresa ainda estão em discussão. As duas fontes
também disseram que a venda planejada para este ano de até 25 por cento da BR
Distribuidora é praticamente impossível agora.
Quando anunciou o seu plano
de investimentos, o presidente-executivo da empresa, Aldemir Bendine, disse que
a estatal provavelmente iria começar a revisar seus planos de gastos
estratégicos trimestralmente, em vez de anualmente, como vinha sendo feito por
mais de uma década.
O plano anunciado em junho
foi baseado na expectativa de um preço médio do petróleo Brent de 60 dólares
por barril em 2015 e de 70 dólares por barril de 2016 a 2019.
Até agora no ano, o preço
médio do Brent está em 57 dólares e os contratos futuros do Brent estão sendo negociado
abaixo de 60 dólares até novembro de 2017, um sinal de que poucos investidores
e traders esperam um aumento em breve. O preço mais alto de um contrato futuro
é para dezembro de 2022, cotado acima de 65 dólares o barril.
O plano da Petrobras também
previa um dólar médio em 2015 a 3,1 reais e de 3,26 reais em 2016. Desde então,
o dólar já subiu cerca de 20 por cento, sendo cotado nesta quinta-feira a 3,85
reais.
A valorização do dólar
aumenta o custo em reais do serviço da dívida, em grande parte atrelada à moeda
norte-americana.
A S&P foi a segunda
agência de classificação de risco a colocar a dívida da Petrobras em grau
especulativo neste ano. Em fevereiro, a Moody's retirou da estatal o grau de
investimento.
Muitos fundos de pensão e
outros grandes investidores são obrigados a vender papéis de dívida rebaixados
para "junk" por duas agências. Isso pode levar a uma queda no preço
da dívida existente da Petrobras e limitar o número de investidores autorizados
por lei a comprar nova dívida.
A segunda fonte disse que a
revisão das premissas e dos investimentos do plano é necessária.
"O momento é de testar
corações, é para quem tem coração forte", disse a fonte. "Obviamente
que o rebaixamento é preocupante para a Petrobras e para o país como um todo.
Fica mais difícil captar recursos, atrair investimentos. Reuters