As
perdas da ações da Eletrobras neste ano afetaram em muito o seu desempenho de longo
prazo. Em cinco anos, tanto ações preferenciais quanto ordinárias acumulam uma
queda de 60%, muito em função das recentes perdas. Mas quem conseguiu vender os
papéis antes desse recente “desastre” não saiu exatamente ganhando, pois
permaneceu no zero a zero por mais de quatro anos.
As
ações da Eletrobras já despencaram quase 60% desde que a presidente Dilma
Rousseff anunciou seu projeto de redução das tarifas de energia em 20% em média
no fim de agosto.
Por ser empresa estatal que é a Eletrobras já topou renovar suas concessões mediante a
redução de tarifas de energia, como quer o governo. Contudo, essa decisão vai
lhe custar uma perda de 8,7 bilhões de reais em receitas anuais, além de uma
baixa contábil de ativos de aproximadamente 17 bilhões de reais, tornando-a uma
empresa deficitária.
Além disso, a indenização prometida veio abaixo das
expectativas de mercado: eram aguardados 30 bilhões de reais, mas o valor de
fato pago será de 13,9 bilhões de reais.
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Desde
o anúncio dessa indenização no começo de novembro, aliás, o preço das ações
entrou em queda livre. Diversos analistas se mostraram pessimistas com o futuro
da empresa, mas o mais negativo de todos provavelmente foi o Barclays, que
chegou a reduzir o preço-alvo do papel para nada menos que 1 real.
Os
impactos negativos para a companhia daqui para frente serão tão duros, que
mesmo os indicadores de que a ação está barata afastam a ideia de
“oportunidade”. Os papéis da Eletrobras chegaram a ser negociados a 0,1 vezes o
seu Valor Patrimonial, o que significa que os investidores acham que a empresa
vale consideravelmente menos do que o valor de todo o seu patrimônio reunido.
Na
opinião de Alexandre Montes, analista de energia elétrica da Lopes Filho e
Associados, o momento não é de comprar ações da Eletrobras, mas quem as possui
em carteira não deve vendê-las ainda. “Este parece ser o pior momento possível
para vender. Não é improvável que o governo ceda um pouco. O efeito dessas
medidas para a Eletrobras é devastador”, diz Montes.
Ele
explica que, se o governo não ceder em nada, a Eletrobras terá prejuízo
operacional no ano que vem e terá que fazer um ajuste de despesas gigantesco.
“Se a empresa ficar deficitária, o governo terá que aportar capital para que
ela opere. Será que tudo isso já estava previsto? Esse risco realmente foi
calculado?”, questiona.
A
esperança, é que, caso uma colher de chá de fato ocorra, as ações tenham tempo
de ao menos se recuperar um pouco e minimizar o prejuízo. Nesta sexta-feira, as
ações preferenciais (ELET6) e as ordinárias (ELET3) sobem cerca de 4% e 7%
respectivamente. O presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício
Tolmasquim, chegou a dizer que o governo nunca deixará a Eletrobras perecer. E
o líder do governo no Senado, Eduardo Braga, já sinalizou nesta sexta-feira que
o governo pode realmente reeditar a MP 579, que trata das novas regras de
concessão para o setor.
Para
Montes, a resistência das companhias elétricas à MP 579, pode pressionar o
governo a pesar menos a mão nas exigências.
“Empresas como Celesc, Cesp e
Transmissão Paulista resistem em aderir às medidas, e a Cemig já até ameaçou ir
para a Justiça. A reação é muito forte”, observa.
Montes
completa dizendo que nunca recomendou compra de Eletrobras, mas que se fosse
acionista, esperaria. Se não houver essa reversão e as coisas caminharem como o
previsto, o jeito seria realizar o prejuízo, diz ele Exame.com.br