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segunda-feira, 26 de novembro de 2012

As ações da Eletrobras já despencaram quase 60% desde que a presidente Dilma Rousseff anunciou seu projeto de redução das tarifas de energia em 20% em média no fim de agosto.


As perdas da ações da Eletrobras neste ano afetaram em muito o seu desempenho de longo prazo. Em cinco anos, tanto ações preferenciais quanto ordinárias acumulam uma queda de 60%, muito em função das recentes perdas. Mas quem conseguiu vender os papéis antes desse recente “desastre” não saiu exatamente ganhando, pois permaneceu no zero a zero por mais de quatro anos.


As ações da Eletrobras já despencaram quase 60% desde que a presidente Dilma Rousseff anunciou seu projeto de redução das tarifas de energia em 20% em média no fim de agosto.  

Por ser empresa estatal que é a Eletrobras já topou renovar suas concessões mediante a redução de tarifas de energia, como quer o governo. Contudo, essa decisão vai lhe custar uma perda de 8,7 bilhões de reais em receitas anuais, além de uma baixa contábil de ativos de aproximadamente 17 bilhões de reais, tornando-a uma empresa deficitária.

 Além disso, a indenização prometida veio abaixo das expectativas de mercado: eram aguardados 30 bilhões de reais, mas o valor de fato pago será de 13,9 bilhões de reais.

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Desde o anúncio dessa indenização no começo de novembro, aliás, o preço das ações entrou em queda livre. Diversos analistas se mostraram pessimistas com o futuro da empresa, mas o mais negativo de todos provavelmente foi o Barclays, que chegou a reduzir o preço-alvo do papel para nada menos que 1 real.

Os impactos negativos para a companhia daqui para frente serão tão duros, que mesmo os indicadores de que a ação está barata afastam a ideia de “oportunidade”. Os papéis da Eletrobras chegaram a ser negociados a 0,1 vezes o seu Valor Patrimonial, o que significa que os investidores acham que a empresa vale consideravelmente menos do que o valor de todo o seu patrimônio reunido.

Na opinião de Alexandre Montes, analista de energia elétrica da Lopes Filho e Associados, o momento não é de comprar ações da Eletrobras, mas quem as possui em carteira não deve vendê-las ainda. “Este parece ser o pior momento possível para vender. Não é improvável que o governo ceda um pouco. O efeito dessas medidas para a Eletrobras é devastador”, diz Montes.

Ele explica que, se o governo não ceder em nada, a Eletrobras terá prejuízo operacional no ano que vem e terá que fazer um ajuste de despesas gigantesco. “Se a empresa ficar deficitária, o governo terá que aportar capital para que ela opere. Será que tudo isso já estava previsto? Esse risco realmente foi calculado?”, questiona.

A esperança, é que, caso uma colher de chá de fato ocorra, as ações tenham tempo de ao menos se recuperar um pouco e minimizar o prejuízo. Nesta sexta-feira, as ações preferenciais (ELET6) e as ordinárias (ELET3) sobem cerca de 4% e 7% respectivamente. O presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, chegou a dizer que o governo nunca deixará a Eletrobras perecer. E o líder do governo no Senado, Eduardo Braga, já sinalizou nesta sexta-feira que o governo pode realmente reeditar a MP 579, que trata das novas regras de concessão para o setor.

Para Montes, a resistência das companhias elétricas à MP 579, pode pressionar o governo a pesar menos a mão nas exigências. 

Empresas como Celesc, Cesp e Transmissão Paulista resistem em aderir às medidas, e a Cemig já até ameaçou ir para a Justiça. A reação é muito forte”, observa.

Montes completa dizendo que nunca recomendou compra de Eletrobras, mas que se fosse acionista, esperaria. Se não houver essa reversão e as coisas caminharem como o previsto, o jeito seria realizar o prejuízo, diz ele Exame.com.br